20 / 10 / 2023

Famílias [im]perfeitas

Tu que és mãe ou pai certamente já recebeste muitas opiniões, ouviste “comigo resultou assim”, “deves fazer assim”, “aí se fosse comigo!”, "faz falta uma palmada bem dada na hora certa" e tantas outras frases que nos inquietam! Quando nasce um bebé a família, amigos, colegas [e até desconhecidos!] sentem-se no direito de dar os seus palpites, sugestões e tudo parece fácil e sem complicações para aquela pessoa.


Pois bem, mas todos são uns excelentes pais… dos filhos dos outros! De cada vez que alguém dá sua opinião de forma intrusiva está…

  • A colocar em causa as decisões daquela mãe ou daquele pai…
  • A dizer que não estão a fazer as coisas da forma correta [como se existisse!]…
  • A fragilizar aquela pessoa que ama de forma incondicional o seu filho e está a dar o melhor de si naquele momento…
  • A desvalorizar os sentimentos e emoções da mãe ou do pai...
  • A criar sentimentos de fragilidade...
  • E tantas outras situações.


A parentalidade é um contrato para toda a vida, é o maior e melhor compromisso que alguma vez poderíamos assumir. É amar, é conhecer o nosso lado mais “escuro”, é descobrir que o mundo tem novas cores e sabores, é dar de nós a cada instante, é encontrar novas forças, é renascer! 


Mas, também há o lado B… aquele que poucos falam, por receio de parecerem frágeis. A Parentalidade também dá medo, muito! Temos receios, dúvidas, inquietações se estamos a fazer o melhor para os nossos filhos, se vamos conseguir ultrapassar todos os desafios, se somos bons pais, se as nossas opções são as melhores… existem tantos “se”. É normal, faz parte, porque pais e filhos crescem juntos todos os dias um pouco mais.


Nada é perfeito, as famílias também não! O que resulta hoje não resulta amanhã e no dia seguinte já terás novas experiências, outras informações que te vão permitir tomar outras decisões. E está tudo bem assim.


Partilho convosco um excerto de um livro que tanto me ajudou e fez refletir: 

"Por cada criança que nasce, nasce também um pai e uma mãe. E partir daí crescemos juntos em sabedoria e em virtude (e, no caso das crianças, também em tamanho). Os filhos dedicam-nos um amor incondicional, mesmo que não tenhamos feito nada para o merecer. Fazem-nos sentir importantes e úteis, divertem-nos e intrigam-nos, emprestam propósito e cor às nossas vidas, e permitem que os acompanhemos durante algum tempo na fascinante aventura que é a descoberta do mundo. Ser pai é um privilégio" [Carlos González].


Espero que este espaço sirva também para refletirmos em conjunto, sem floreados, sem certos ou errados, sobre temas relacionados com a parentalidade e a educação. Muitas vezes este é um caminho solitário, mas não tem necessariamente de o ser. 


Um abraço,

Rita Moreira